DIVISÃO DO HUMANO –

Estava certo que o mundo sem fronteiras fosse o caminho para se chegar ao cantado e encantado “união dos povos”. Com o tempo, a partir da globalização, do compartilhamento de tecnologias e da troca de conhecimentos, era de se esperar um mundo melhor, mais forte na diversidade de culturas e por isso mesmo “mais” fácil de viver o chamado “universo feliz”.

Afinal essa divisão – no sentido do compartilhamento favoreceria o nivelamento para cima, da condição de vida humana, pois os mais favorecidos colaborariam – mesmo comercialmente, com os países que miseravelmente estavam sempre no último suspiro de esperança em uma condição menos degradante, em tudo que se referiria à “vida”.

Os passos foram sendo dados e com o andar da carruagem os mais fortes foram explorando os mais fracos, os mais fracos foram ficando à mercê e, aos poucos, os interesses foram aflorando não como “compartilhamento”, mas como dependente um do outro.

Essa aparente aproximação dos povos – pelo caminho do capitalismo, evidenciou também uma característica que refletiu sobremaneira nos comportamentos nacionalistas das nações: as ideologias partidárias.

Entenda-se essa ideologia em todos os segmentos da sociedade, evidentemente no campo político e religioso, entre outros segmentos que a paixão desenfreada se sobrepõe ao mínimo da razoabilidade de convívio.

Mudou o foco de “compartilhamento” para “segregação”, ou seja, separação oposicionista pautado na radicalidade de posição.

A “oposição” deixou de ser “não concordar e apresentar argumentos contributivos para a solução” e passou a ser “do contrário”.

Nada concorre para o entendimento, pois se assim acontece, estou abrindo mão da minha parte na divisão “separatista” e rotulado pelos emblemáticos apelidos da moda.

Um lado e outro se veem como inimigos ou, nem tanto, se envolvidos por interesses outros, quase sempre de benefício pessoal.

Um tem o outro como “idiota” e o outro o tem como “imbecil”.

Daí ocorre a divisão humana.

O respeito de um ser pelos demais cedeu caminho a ofensa, a inimizade, a elevação de muros em terrenos antes férteis e agora encharcados de ódios plantados por ideologias as mais diversas.

O chique é ser do contra. É derrubar o outro e não contradizer seus argumentos.

E aí surge o grande perigo: deixa-se de combater o bom combate da discussão construtiva, buscando caminhos que favoreçam toda uma sociedade, para seguir esse ou aquele “profeta” que contando com sua falta de entendimento contextual da nova ordem mundial, prega que só seu “pensamento” é certo e que os povos não sobreviverão se não seguirem seus argumentos.

Será que perdemos a capacidade de evoluirmos como seres humanos?

Afinal o avanço tecnológico, os ensinamentos filosóficos, os ditames divinos da palavra de Deus, dos valores morais, da educação formadora dos nossos antecessores, do visível a “olho nú”, dos fatos e acontecimentos mundiais, não nos serve de nada?

O país está divido, a família está dividida, o governo está dividido, a escola está dividida, a religião está dividida, as esferas administrativas estão divididas, as torcidas estão ferozmente divididas, os poderes estão divididos, as organizações estão divididas, a criminalidade está dividida, enfim.

Tudo está dividido.

Mas essa divisão não é de compartilhamento e sim de radicalismo.

O próprio homem vem se apresentando como dividido entre o ódio e a docilidade. Já não somos capazes de escandalizar (tudo parece natural) nem de ser escandalizado (é assim mesmo).

É a divisão do humano.

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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