Esse caso aconteceu numa cidade do interior nordestino, há várias décadas.

Dona Malva, uma severa diretora de uma Escola particular, começou a ficar preocupada com a evasão de alunas adolescentes, durante o ano letivo. Quando a evasão atingiu o número de vinte alunas, a diretora enviou uma correspondência aos seus pais ou responsáveis, convidando-os para uma conversa. Queria se inteirar das razões que estavam levando as alunas a abandonarem a escola. Aos poucos, conseguiu conversar com todas as mães ou responsáveis. Para sua surpresa, tomou conhecimento de que aquelas alunas haviam sido “desonradas” e, entre elas, seis estavam grávidas. Os pais culpavam a Escola por não as ter vigiado, no retorno para casa. E por essa razão as proibiram de sair, até mesmo para irem à Escola.

Segundo algumas mães, havia muito cabra safado “abicorando” a saída das alunas, para assediá-las e seduzi-las. Quando o sino tocava, avisando o término das aulas, um grupo de rapazes, “conquistadores baratos”, estava nos arredores da Escola, à espera de paqueras. Entretanto, queriam apenas se aproveitar das alunas adolescentes, cujos hormônios estavam na fase de efervescência.

Eram namoros passageiros e paixões violentas, que se esvaíam como fogo de palha.

E nessa pisada, a maioria das alunas não era mais “moça” , sem falar nas que estavam “de barriga”. A Diretora entrou em pânico.

A Escola ficava próxima a um Quartel militar, e a Diretora tomou conhecimento de que os “defloradores degenerados” eram recrutas daquela Corporação. Dona Malva, então, solicitou ao Comandante uma audiência, para tratar de um “assunto do interesse da Escola “Antônio Severo”, no que foi atendida. Chegando ao Quartel, acompanhada da Secretária da Escola, as duas foram levadas à sala do Comandante Villion. A Diretora, então, expôs os motivos da sua visita. Contou ao Comandante a sua aflição diante da “tara” dos recrutas que serviam àquele Quartel.

Falou sobre o problema das alunas, todas menores de idade, que por eles tinham sido defloradas, chegando algumas a engravidar. O problema era seríssimo e a evasão da Escola era grande. Disse ao Comandante que os recrutas, constantemente, aguardavam o término das aulas, para seduzir as “meninas”, provocando problemas familiares e atingindo o bom nome da sua Escola, antiga e respeitada. Queriam somente se aproveitar das “inocentes”. “Mexiam” com elas e caíam fora, sem arcar com as consequências.

A Diretora, então, implorou ao Comandante, que tomasse providências enérgicas contra os soldados. Segundo ela, as alunas da Escola continuavam sendo desrespeitadas e “desonradas” por eles, a cada dia. Esse fato, além de provocar a evasão escolar, estava denegrindo o nome da Escola. Com o prejuízo moral e financeiro, esse estabelecimento de ensino, brevemente, sucumbiria e encerraria suas atividades. Isso iria contribuir para o atraso educacional da cidade, já tão carente de assistência por parte do poder público..

O Comandante, que tinha fama de austero e prepotente, ouviu as queixas da Diretora da Escola, e, pensativo, procurou uma solução para o caso. De repente, num arroubo de brutalidade, respondeu irritado:

– Olha, minha senhora: Aqui só tem cabra macho! Todos os dias, depois das quatro horas da tarde, solto todos os meus cavalos. E eles saem loucos atrás das éguas. Eu não tenho obrigação de correr atrás de cavalo nem de zelar pela virgindade de moça nenhuma. Quem tiver suas éguas, que segure!

A diretora da Escola sentiu-se mal e saiu indignada, “pipocando de raiva” do Comandante.

Muito católica, entregou o caso a Deus!!!

Violante Pimentel  –  Escritora

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