DEVANEIOS –

Eram aproximadamente nove horas de uma bonita manhã quando resolvo ir até o calçadão da praia, sentei-me em um banco feito de pedras de meio fio e comecei a olhar para o mar, pensar nos sonhos que tive, que foram concretizados e os que não realizei.

Olho para o mar, vejo um casal trocando afagos e penso comigo mesmo. ” Deve ser um casal de namorados, ou de recém-casados. ” Logo me vem à lembrança de minhas namoradas, da minha esposa jovem, das minhas filhas crianças ou jovens, acompanhei e ainda acompanho os sonhos delas, dos meus netinhos crianças, hoje adultos; olho novamente para o casal, não estava mais lá, só restava as ondas do mar, as espumas brancas na areia, como me dizendo que tudo na vida tem o seu final. Olho para os lados e vejo os coqueiros se debatendo contra uma ventania forte, aí entendi a mensagem de Cristo mostrando que temos que saber resistir às tempestades da vida, tudo é passageiro até os nossos sonhos.

Passa por mim um vulto de mulher, seu perfume fluía      dando um ar de beleza àquela manhã. Vi pela sua silhueta que valia a pena esperar o seu retorno.

O sol já insistia em castigar meu corpo, sentindo o peso dos anos vividos, mas carregando ainda uma alma sensível, trazendo em sua bagagem uma boa dose de poesia e romantismo.

Espero um pouco, ela aparece no meu campo de visão, andando um pouco devagar, mas, mostrando   o balanço natural de uma bela mulher no seu caminhar. Cabelos louros, presos atrás, olhos verdes. Passa por mim e dá um leve sorriso. Caminha uns três passos e eu acompanhando. De repente, para, vira-se e pergunta: Guga? E eu respondo afirmativamente. Ela volta me dá um longo abraço e diz, sou fulana, era uma velha amiga de infância.

Entendi que a beleza da vida depende da intensidade que procuramos vivê-la.

Voltei para casa, e olhando para minha esposa, procurei ver em seu rosto aquele belo sorriso que me conquistou até hoje em uma tarde noite na praça, em Caicó.

 

 

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

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