DEVANEIOS DE VERÃO –

Inútil planejar escrever durante o veraneio, principalmente quando esse acontece em ambiente de  praia, onde o relógio é esquecido e, os ponteiros cansam de dar voltas e voltas sem ninguém notar que o tempo misturou o dia com a noite e, essa, com a madrugada.

Mesmo assim consegui rabiscar alguns devaneios, para não perder a parca inspiração.

Vamos então:

(I)

Que me adianta saber quem eu sou, de onde vim e para onde vou, se o que me interessa é apenas a paz interior.

(II)

Estou sempre esperando algo ou alguém chegar. Mesmo que a espera seja lancinante, não me causaria surpresa. Nesse diapasão meu coração vai se fragmentando apenas pelo simples: “Olá, cheguei!”.

(III)

Meu coração não tem espaço para algo que não seja reconfortante. Ele está sempre cheio de gratidão pelo qual você me basta.

(IV)

– Destino senhora?

“- Qualquer um!”

Sem uma palavra retornei ao ponto de partida. Ela desceu e apenas sorriu. Pelo retrovisor indaguei-me: Teria eu salvado uma vida? A minha ou a dela?

Um táxi por favor!

(V)

Na varanda, a mesa pronta. Na taça fina, a elegância do servir. Na cor rubra, a paixão do compartilhar. No brinde, a gratidão. No degustar, a alegria do viver.

(VI)

Uma beleza não se mistura com outra. Ambas são singulares. Cada uma mostra seu lado mais exuberante, como se não quisesse ser ofuscada pela face menos bela da outra.

(VII)

Ponto de interrogação: quando sua mão toca a minha.

Ponto de exclamação: quando sua mão se entrelaça com a minha.

(VIII)

Perco-me ao imaginar como seria você se eu pudesse voltar o tempo e fazê-la, ontem, como se hoje fosse.

(IX)

Se não agora, quando!?

(X)

Artur ou Arthur? O que me afeta é o amor que sinto por ele que está no ventre da minha filha.

Pronto. Devaneios são assim: chegam e vão embora como se não tivessem compromissos com os meus sentimentos.

Voltem logo, vou ficar de prontidão.

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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