DE CABEÇA CHEIA – 

Diante de tanta tecnologia que nos cerca, é difícil, e, por que não dizer, quase impossível, assimilar tanta informação. Detalhes básicos, como nomes, e-mails, números de telefones, e tantos outros que nos rodeiam e fogem de nós com a mesma rapidez, têm tornado a vida atual mais fácil, mais rápida e muito mais complexa. A simplicidade buscada por todos os inventores, a facilitação que deveria ter sido trazida pelo terceiro milênio, para mim, ainda é o x da questão buscado pelos matemáticos da antiguidade.

O acúmulo anormal de informações, as redes sociais, os blogs e os tweets nos acompanham onde quer que estejamos. Em casa, no trabalho e na (rara) diversão. Tanto material de leitura, de estudo e tantas conversas ao mesmo tempo são capazes de causar um curto-circuito no nosso cérebro, criando mini apagões que somem com palavras corriqueiras escondidas, literalmente na ponta da língua, datas de aniversários, chaves de carro e canetas, levando essas informações para o subconsciente e trazendo-as à tona horas ou dias depois, quando não são mais necessárias e aquele silêncio constrangedor causado pelo “branco” já foi preenchido por outra pessoa.

Cada vez mais, essas situações se repetem e os vilões “estresse e estafa” voltam à boca dos doutores. Querer que o dia tenha trinta horas não vai solucionar o problema, fazer um clone de si mesmo, também não. O que se deve fazer, na verdade, é saber dosar, equilibrar a vida como um todo, sem separar as partes, ao mesmo tempo em que não as mistura.

Deixar de lado informações desnecessárias, inúteis, sobretudo acerca da vida das pessoas, famosas ou não, quando não nos servem como ensinamentos. Esses “conhecimentos”, por assim dizer, empurrados goela abaixo (ou acima), só servem para juntar “poeira” e em nada nos acrescentam.

Viver a vida com a simplicidade da dos nossos avós, pais, e a nossa própria há dez anos, é uma ótima base a seguir. Esquecer o telefone e o computador por um fim de semana e ficar “de corpo presente” com a família, conversar de verdade com os amigos, passear, ir a um evento da sua religião, assistir a uma apresentação cultural. Tudo isso desanuvia a mente e faz parte do que chamamos de viver de verdade. Nenhuma mensagem, nenhum tweet, vai ensinar mais do que isso. E, se não gostar da experiência, seu computador estará esperando.

Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *