NO CONSULTÓRIO DA MEMÓRIA – 

No meu último livro ” No consultório da memória”- ano de 2016, relatei alguns causos da rotina do dia dia da atividade do consultório médico. Na minha opinião e por  experiência, o ofício, é o mais prazeroso e o mais puro da  arte de fazer medicina. É esse simples ato, que nos faz sentir a verdadeira e a mais  pura relação médico/paciente. É uma missão sacerdotal, onde recebemos, acolhemos, discutimos e  aconselhamos todos aqueles que nos seus mais íntimos, legítimos e  puros depoimentos, expõem as suas queixas e abrem as suas histórias de vida.

Mas, é também, na atividade ambulatorial, que se passam momentos hilários, instantes que aliviam  um pouco a  seriedade e a tensão desses momentos, muitas vezes bastantes tristes e desanimadores de uma consulta médica.

Certa vez ao examinar uma paciente, após cumprir toda formalidade clinica/semiológica, fiz como de praxe a solicitação dos seus exames complementares. Passados alguns dias, chega a paciente para a consulta de retorno.Exames apresentados.Inicio a leitura; evidentemente pela  identificação do paciente.Tudo certo. Nada errado. Deixo por último a  análise conclusiva do exame de imagem – ultrassonografia de abdômen e pelves. Nesse momento, e como de costume, a paciente fica frontalmente fitando o semblante do consultante, tentando tirar algumas conclusões  prévias daqueles resultados. Nessa hora, o médico tem que se comportar com muita tranquilidade e jamais insinuar qualquer reação de espanto.

        – E, então doutor, tudo bem?

          Com muita calma e tranquilidade lhe respondo, tudo bem! Sua próstata está de tamanho e peso normais!

        -O que doutor, eu não tenho próstata, eu não sou homem!

           Respondo: a senhora pode não ter próstata, não ser homem, mas aqui o exame está mostrando e dizendo!

        – Mas doutor, como é que pode acontecer uma coisa dessa?

A resposta é simples, os laudos foram trocados. Apesar da sua  identificação estar correta, o laudo final foi trocado, veio de um paciente homem.

         Trocaram as “bolas”e os órgãos.

         Coisas da medicina!

Berilo de CastroMédico e escritor

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