AB LEIDE CAMARA 1

Leide Câmara

Relatos de uma vida

No ano de 1958, coube a Gumercindo Saraiva a Missão de substituir Waldemar de Almeida, na direção do Instituto de Música, do qual já era professor de História da Música. Foi sócio fundador da Sociedade de Cultura Musical, da Associação Norte-rio-grandense de Imprensa e do Conservatório de Música do Rio Grande do Norte, conforme Decreto nº 2.869, de 4 de janeiro de 1960, nomeado pelo Governador do Estado para o quadro do Magistério Público, da cadeira de História da Música do Instituto de Música. E em abril de 1961, assumiu a presidência do Conselho Regional da Ordem dos Músicos do Brasil no estado, em que permaneceu por nove anos.

 Em 2 de junho de 1975, Gumercindo fundou o Centro de Pesquisas Culturais e Artística Gumercindo Saraiva com o intuito de divulgar tudo que havia em seu acervo como fonte de pesquisa e disponibilizou obras raras como “O Almanaque do Rio Grande do Norte”, editado em 1897 por uma gráfica de Natal, “Revista Klaxon –Mensário da Arte moderna”, do Movimento Modernista de 22 , que circulou de maio de 1922 a janeiro de 1923,(todos os números encadernados) e tantos outros importantes volumes sobre os mais abrangentes temas. Uma biblioteca de valor imensurável. Dois anos depois fundou o Centro de Pesquisas Folclóricas Musicais – Poéticas, em que disponibilizava para pesquisas todo seu acervo particular de livros, jornais, panfletos, partituras, discos entre outras memórias do Carnaval Potiguar.

 Imortal da Academia Norte-rio-grandense de Letras tomou posse na cadeira Nº 6     no dia 8 de dezembro de 1976, foi saudado pelo acadêmico Paulo Pinheiro de Viveiros (1908-1979) .Cujo  Patrono é Luís Carlos Lins Wanderley (1831-1890)  e fundadora  Carolina Wanderley (1891-1975). Gumercindo foi seu sucessor, atualmente, é ocupada por João Batista Pinheiro Cabral.

 Recebeu o título de Cidadão Natalense propositura do vereador Antônio Cortez, em setembro de 1977. No ano seguinte, eleito Presidente da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte, ocupando a cadeira Nº 50, cujo Patrono é Deolindo Lima (Deolindo Ferreira Souto dos Santos Lima, 1885-1944).

 Proferiu diversas palestras, dentre elas, “Carlos Gomes, sua vida sua obra”; “O Impressionismo na música de Debussy”, “O Ballet ajuda no aformoseamento da Mulher”, “A Música religiosa no Brasil”, “Dualidade do Hino do Rio Grande do Norte”, “A música e a morte”, “Tonheca, o Strauss do Rio Grande do Norte”, “A música erudita no Brasil em decadência”. Foi um estudioso das modinhas do Rio Grande do Norte, deixou inédito o livro, “Modinhas e Modinheiros Norte-rio-grandenses” (três volumes)….

 Gumercindo Saraiva faleceu em Natal em 20 de maio de 1988, após tocar o seu violino pela última vez, durante a festa de lançamento do jornal O Galo, da Fundação José Augusto, em que seria homenageado. Eu me encontrava presente e ainda guardo na memória o instante e o som de seu violino naquela noite de glória que foi sua despedida da vida.

 Gumercindo Saraiva, pesquisador renomado, compositor, musicólogo, folclorista, violinista, professor, poeta, escritor, produtor e tantos outros atributos, que ainda assim, são poucos para definir a trajetória desse ilustre potiguar que viveu 73 anos, dos quais 61 dedicados à música, pesquisa e a produção cultural da Nação Potiguar. São mais de 250 crônicas publicadas em jornais e periódicos do estado, todas catalogadas e arquivadas por ele, relíquias que hoje são fontes de minha pesquisa. Oxalá ainda existisse sua biblioteca que foi fragmentada e assim se “perdeu memórias seculares” de nossa cultura, de nossos costumes e tradições do Rio Grande do  Norte, em seus  415 anos .

Leide Cãmara – Pesquisadora de música brasileira, Membro da Academia de Norte-rio-grandense de Letras.

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