DE PESADELO ETERNO – José Delfino

DE PESADELO ETERNO – Fazia tempo que eu não ia lá. A última vez foi em 1979 quando eles invadiram o Afeganistão e a população não tinha quase nada para comer, consumir ou se informar, a não ser as noticias filtradas dos jornais estatais ou nos livros doutrinários de distribuição grátis empilhados em incontáveis prateleiras […]

DE MÉDICO E DE POETAS COLECIONADORES DE FUSCAS – José Delfino

DE MÉDICO E DE POETAS COLECIONADORES DE FUSCAS – “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo. Perdeste o senso!” Não é tão fácil, meu caro, controlar o pensamento; suas interrupções, suas hemorragias agudas aos borbotões; ou arguir o que estaria por vir quando ele aparece sem censura ou aparas; ele simplesmente chega e se vai, às vezes […]

UM PEQUENO CONTO GÓTICO – José Delfino

UM PEQUENO CONTO GÓTICO – Por lá as convenções do tempo são tão repetitivas que quase passam despercebidas. As quatro estações do ano estão sempre circunscritas a períodos de seca ou cheia acompanhadas de um calor inclemente. O sol nasce de madrugada. Sempre escurece à tardinha. Folhas secas , emburradas, caídas nos chão dos parques […]

DE POEMA E ABSTRAÇÃO – José Delfino

DE POEMA E ABSTRAÇÃO –   I Por si só não pesa Feito lágrima no olho Como gota de vela Arde em chama de início Como sólido desce O líquido vence E os lábios criam asas Quando em tom menor               Raia na úvula rouca Insones dós arredios de dor E nela voraz e insólita A voz de um inquieto […]

DE APRENDIZADO E POLIMENTO – José Delfino

DE APRENDIZADO E POLIMENTO – O tempo parado. Bastante frio na rua. A neve já começava a cair sem pudor. E eu, sem nada saber, na sessão das 22:00h do cine-clube “Chapter”, vendo pela primeira vez na vida, um filme de John Carpenter. De repente , desaparece o som do filme e ouve-se um lacônico […]

DE POEMA (QUASE) EM PROSA – José Delfino

DE POEMA (QUASE) EM PROSA – Ah as palavras…   Num  vai e vem em  minha mente se  abrem e fecham em  copas, como lábios. Como  portas, como dedos de  mãos que vagas imitam, em arco envergam-se. Sobem e descem às folhas de papel, se curvam se rendem e escrevem e não dizem.   É  […]

DE COISAS SIMPLES E COMPLEXAS – José Delfino

DE COISAS SIMPLES E COMPLEXAS – De manhã alguns oram ao acordar; outros, não. Detonam um copo d´água morna com limão para alcalinizar o organismo; engolem, quase de forma inconsciente, alguns comprimidos para que os parâmetros vitais continuem sob controle (as evidências das respostas a eles nos forçam a acreditar nisto). Devoramos tomates fatiados, ricos […]

O ANESTESIOLOGISTA – José Delfino

O Anestesiologista que não tem pulso ou capacidade rápida de decisão não sobrevive. Funciona assim: acontecendo uma parada cardíaca numa cirurgia ele tem poucos segundos pra fazer o coração bater novamente. Não interessa saber qual a causa da intercorrência. Depois de resolvido o que é emergente é que se inicia o processo de diagnóstico da […]

DE PAPO NUM SALÃO DE BELEZA – José Delfino

DE PAPO NUM SALÃO DE BELEZA – Dei um “break”, um final de manhã desses. Um pulinho no salão de Getúlio, quase ao meio-dia como de hábito, para por um basta à esta vasta cabeleira de terceira idade. A verdade é que conversa vai, conversa vem, entre os sons caóticos e atonais dos secadores de […]

DE AMOR AO CINEMA – José Delfino

DE AMOR AO CINEMA – Comecei ficar vidrado em cinema quando, por volta dos 6 anos de idade, tia Denise, solteirona até hoje, me levou ao cine Rex em Caxias , no interior do Maranhão, nas proximidades das barrancas do rio Itapecuru. Ali, duas vezes por semana, aprendi a gostar de Carlitos, Tom Mix e […]

DE ARTE DO OFÍCIO – José Delfino

DE ARTE DO OFÍCIO – Certa vez me disse um grande amigo meu, Dr. Genival Veloso de França, que a medicina outrora foi revestida de veneração quase divina e hoje causa muita contestação. Pura verdade porque praticá-la atualmente é bem diferente do que antigamente. Talvez, por conta da constante reviravolta científica e tecnológica, cada vez […]

E AÍ , SIRI ? – José Delfino

Tentamos e não conseguimos viver na Utopia, o país imaginário de Thomas Morus (1480-1535), escritor inglês, onde um governo organizado da melhor forma possível, proporcionaria ótimas condições de vida a um povo equilibrado e feliz. Vivemos sim, e hoje paradoxalmente, um mundo a sugerir uma sociedade futura caracterizada por condições de vida alienantes.   Com […]

DE ALMA EMPEDERNIDA – José Delfino

DE ALMA EMPEDERNIDA – No espaço-tempo específico, onde estou, fico. E a memória vestigial, em gestação, se especifica, se sincroniza e se adapta. E sua estrutura atemporal, como um temporal, me domina. Mineral, carvão, sou. A pedra que pensa e raciocina. Há vinte bilhões de anos, num universo em expansão, essa frágil matéria que gira, […]

DE UTILIDADE PÚBLICA (EMBORA NEM PAREÇA) – José Delfino

DE UTILIDADE PÚBLICA (EMBORA NEM PAREÇA) – José Delfino   Tomei conhecimento que 2017 vai ser campeão de feriados e fins de semanas prolongados. Bem-vindo lazer que aumentará, paradoxalmente, a fadiga dos trabalhadores, dizem os cientistas. O que me remeteu à batalha dos relógios. O de pulso, adereço colado ao punho que gira, em princípio, […]

DA DIFICULDADE DE ENCARAR CADA ANO – José Delfino

DA DIFICULDADE DE ENCARAR CADA ANO –   Muito me incomoda falta de liberdade . Faz-me mal a falta de sentimento e noção de dever de estado. Repugna-me o regime totalitário que implica distribuição de pobreza. Nele, a história implacavelmente ensina, uma minoria controla o poder, se locupleta e as pessoas, sob o pretexto de […]

DE FILMES PREFERIDOS – José Delfino

DE FILMES PREFERIDOS –   O roteiro adaptado da novela de Harry Gray “The Hoods” expõe de forma não linear a história da máfia judia em Nova York, onde dois chefes de quadrilha acabam por distanciar-se devido a equívocos existenciais . O enredo um quebra-cabeças que, pouco a pouco ao ser montado, exibe sua sequência […]

DE PENSAR – José Delfino

DE PENSAR – Convenhamos, o mundo em que vivemos é um tanto desolador. E a existência um frágil fenômeno aleatório ordenado em nós de acordo com a teoria do caos e serendipidade. Vivemos fartos de tudo: do frio, do calor,  da fome, da abundância, da falta;  da alegria de ser, da tristeza de estar ou […]

DE DOR E ARTE – José Delfino

DE DOR E ARTE – Poderia parecer pedantismo. A impressão de ostentar erudição afetada e livresca, compartilhar conhecimento não originariamente nosso. Mas quem lê, anota, copia e, fatalmente, pensa no que leu. Alguém já afirmou que somos o único animal que não sabe viver e que possui o privilégio da manipulação dos seus sofrimentos e […]

DE INTERAÇÕES POLÍTICAS E CULTURAIS – José Delfino

DE INTERAÇÕES POLÍTICAS E CULTURAIS –   Ouvir bossa nova e jazz seduz a muitos em todo o mundo e tais  interações étnicas em sociedades multirraciais ensejam interligações de caráter político-social que propiciam modificações no perfil das pessoas. O ponto comum que faz associarmos, à primeira vista, como genuinamente nossos o café e o futebol […]

DE RUMO – José Delfino

DE RUMO – O nosso ritmo biológico é cego e implacável. A gente nasce, cresce, reproduz, morre e, a rigor, qualquer estética ou estilo cultivado é como um disfarce. O chapéu que esconde o nosso olho. Vivemos a vida (ou deveríamos, pelo menos) e avançamos. Para isto nascemos, crescemos, namoramos, casamos, separamos, casamos de novo. […]