DE TRAUMA DE INFÂNCIA – José Delfino

DE TRAUMA DE INFÂNCIA – Quando criança, sempre que eu aprontava algo fora do esperado, mamãe e vovó repetiam. Da próxima vez vou chamar a mãe d’água, pra te levar. Eu morria de medo. Eu não sabia e elas nunca me diziam quem era ela. Criei a certeza absoluta que ela habitava o Maranhão. Cresci […]

DE VIAGEM – José Delfino

DE VIAGEM – Já pensaram num país onde as pessoas quando se encontram, ao invés de apertarem as mãos, abaixam suas cabeças? Que encaram a prática do auto-controle como religião? Que, por pura disciplina e educação, são ordeiros, respeitam filas e prestam atenção a tudo? E ouvem, mais do que falam ? Pois é, existe. […]

DOS ESPINHOS DO ISOLAMENTO – José Delfino

DOS ESPINHOS DO ISOLAMENTO – E eu aqui procurando administrar minha angústia. Abusando de racionalizações. Dos meus parcos e poucos mecanismos de defesa. Forçado a me esconder. Alternando, todo santo dia, todas as minhas máscaras. Afastado à força da multidão que costumava mergulhar deslumbrada em templos. Agora, só. E ela também, solitária nas ruas. Nos […]

DA FORMA DE FALAR E ESCREVER – José Delfino

DA FORMA DE FALAR E ESCREVER – Fumando e pensando aqui sobre um assunto interessante. Os erros de pronúncia. Como um que está sendo veiculado por ora nas redes sociais. Que teria sido cometido pelo Sr. Moro em recente entrevista, ao enunciar de forma errônea o nome próprio “Edith Piaf”, como sendo “Edite Piá”. Não […]

24 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DO DIREITO À VERDADE – José Delfino

24 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DO DIREITO À VERDADE – Vi, dia desses, postada no Facebook uma tirada do escritor e futurologista Alvin Toflin, que diz assim: “Os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender”. Fiquei com a pulga atrás […]

DE CAIPORA – José Delfino

DE CAIPORA – É um tanto difícil falar da essência de cada paixão. Discorrer sobre ela e seus desencontros é uma jornada de regresso feliz não muito assegurado. Daí eu pensar que mais vale a pena cultivar outras artes. Apesar de todas elas serem apaixonantes. Como a arte do olhar, por exemplo. Nela economizam-se palavras, […]

DE CARONA NO CORONA – José Delfino

DE CARONA NO CORONA – Estava vendo um comentário de Alexandre Garcia. Em meio a explanação ele saiu com esta “pérola”: “… e agora esta vacina que vai estar disponível no país, que funciona 50% pra uns e para a outra metade, não…”. Feita uma pausa de efeito, proposital, ele exibiu aquele ar de desesperança, […]

JILÓ – José Delfino

JILÓ – Escolher a maneira de dizer o que se pensa é um risco calculado. Escrever, então, um artesanato complicado. Quando alguém me indaga se sou feliz, e isso acontece vez ou outra, invariavelmente digo que sim; pois não vem muito a propósito a gente se declarar infeliz. Não é mesmo? Só depois é que […]

A RAPOSA E AS UVAS – José Delfino

A RAPOSA E AS UVAS – A ingestão de bebidas alcoólicas , por prazer , é um hábito milenar. O Velho Testamento é bastante compreensivo quanto a isso na medida em que só cita , mas não faz qualquer juízo de valor dos porres de Noé , por exemplo. “ Noé cultivou a terra e […]

DEZEMBRO – José Delfino

DEZEMBRO – Ano bizarro, esse. Nunca perdi tantos amigos em tão pouco tempo. Mas, enfim, chegou dezembro, o mês do Natal. Os presentes, essas acomodações de sonhos e orçamentos, estarão escondidos em embrulhos coloridos. Bolas ocas de acrílico em diversas tonalidades, leves, frágeis, nas pontas dos galhos de pinheiros artificiais. Flocos de algodão-mocó imitando neve, […]

DE CARONA NO COVID IV – José Delfino

DE CARONA NO COVID IV – Acordei, como sempre, retardado. Ávido em ler notícias de, pelo menos, uns três dias atrás. Convencido que a visão linear das coisas, como resultado direto da racionalidade, pode até chegar próxima da verdade. E fiquei pensando como as coisas acontecem um tanto ao azar. Na dependência dos acasos, dos […]

MANDEI OUTRO DIA DESSES. VOCÊ VIU? UM CHEIRO – José Delfino

MANDEI OUTRO DIA DESSES. VOCÊ VIU? UM CHEIRO – Sou , mas não mais estou, médico. Sabia? O afazer, aquela alquimia de ter que enfrentar a dor física dos outros, um dia chega ao limite temporal. Tantos anos, fazendo todo o santo dia a mesma coisa pra ganhar a vida, me fez constatar que quem […]

ALEGRIA TRISTE – José Delfino

ALEGRIA TRISTE – Praticando um breve exercício só para me adaptar aos textos curtos e impacientes da Internet. Como dizia o meu professor, o psiquiatra Severino Lopes , tudo é “treno” na vida. Aquele som peculiar que ele emitia, ao invés de dizer a palavra treino. E que a gente gozava à socapa. Pego daí. […]

DE CARONA NA COVID-19 – José Delfino

DE CARONA NA COVID-19 – Acordei, pra variar, um retardado como sempre. Vencido, hoje, pela bola da vez, a diferença de fuso horário. O que adoro mesmo é ler notícias do dia anterior e assuntar extrapolações começando a se esboçar. Mas hoje chegou a ocasião da exceção à regra. Plugado estou na RTFrance a exibir […]

DE CARONA NO CORONA II – José Delfino

DE CARONA NO CORONA II – Quem gosta de viver socorre-se em fatos. Anota aí: a vida pareceria estar dentro de nós inserida não só naquilo em que se crê. Também na sua maquiagem. Aquilo com que a gente se pinta, se cobre, se veste, faz de conta e aparenta. Atitude bem racional, pois pareceria […]

DA CARONA NO CORONA – José Delfino

DA CARONA NO CORONA – Vou baixar um pouco o nível pra tentar fazer-me, sabe Deus, entendido. Tô de saco cheio. Pensei que não ia ficar, mas estou. Sabe o porquê ? Porque até se chegar a uma vacina (a da AIDS ainda não deu o ar de sua graça) todo o mundo vai estar […]

REMINISCÊNCIAS – José Delfino

REMINISCÊNCIAS –  Donana chegou em casa com um recipiente de plástico transparente do tamanho de uma banana-maçã das pequenas. Olha que lindo e gostoso. Legumes tostados ao molho de gergelim , meu amor , comida vegana. Achei o colorido da gororoba bonito. Logo me vieram à mente as insípidas e inodoras experiências gastronômicas de épocas […]

DA ESCALADA DE MONTANHAS IMPROVÁVEIS – José Delfino

DA ESCALADA DE MONTANHAS IMPROVÁVEIS –  Pra nós mortais, em nossos guetos, é assim. Apesar de, pra ser confirmada a regra, também ter quem não concorda: a gente só vive no coração e na mente daqueles que nos querem bem. Por duas gerações, apenas. O resto se evapora no nosso conceito de “tempo”, adaptado ao […]

DE CORRESPONDÊNCIAS LARGADAS NUM BAÚ – José Delfino

DE CORRESPONDÊNCIAS LARGADAS NUM BAÚ – Eu, ainda sobrevivendo. Ele, falecido. Engenheiro, inteligente, grande amigo, gozador. Perseguíamos dois objetivos distintos: ele, um PhD em Ecologia. Eu, um outro, em Anestesiologia. Os nossos papos, inesquecíveis. As suas cartas, após nossos caminhos cruzados – como se fossem – crônicas . Lancaster, 11 de Novembro de 1981 Meu caro […]

DA ESCALADA DE MONTANHAS IMPROVÁVEIS – José Delfino

DA ESCALADA DE MONTANHAS IMPROVÁVEIS – Pra nós mortais, em nossos guetos, é assim. Apesar de, pra ser confirmada a regra, também ter quem não concorda: a gente só vive no coração e na mente daqueles que nos querem bem. Por duas gerações, apenas. O resto se evapora no nosso conceito de “tempo”, adaptado ao […]