REFLEXÃO DO PAPAI NOEL – José Delfino

REFLEXÃO DO PAPAI NOEL – O determinismo genético é a herança que todos os seres vivos que habitam o planeta carrega dentro de si. A capacidade reflexa de responder a estímulos básicos e essenciais à sobrevivência e reprodução. Que começa a partir dos seres unicelulares. Passando pelos vegetais, que vivem e se desenvolvem, plantados ao […]

RÉQUIEM PARA UM AMIGO MORTO – José Delfino

RÉQUIEM PARA UM AMIGO MORTO – Cessados o prazer e a tormenta das coisas distantes ou extintas; como os objetos e utensílios que povoaram um dia os recantos da casa; ou os entes queridos vivos ou mortos que aconteceram em nossas vidas… É normal a lembrança deles. O difícil (ou até impossível) é o desejo […]

DE CINEMA – José Delfino

DE CINEMA – “Tudo em Todo Lugar do Mundo” é um filme distópico. A um só tempo, real e irreal. Eu diria, até ao ponto onde se poderia classificar de “ficção especulativa”. A personagem principal, dona de uma lavanderia quase em falência vive sob pressão do dia a dia: o olho vivo do fisco; um […]

DE TEMPERATURA ALTA – José Delfino

DE TEMPERATURA ALTA – Vivemos uma guerra civil há bastante tempo. Pequenos detalhes do manual de sobrevivência adotados pela população no dia a dia que o digam; os muros altos das residências ; as cercas elétricas; o desrespeito sistemático aos semáforos nas horas mortas da noite. E agora , como se não bastasse, o temor […]

SERES ORGÂNICOS – José Delfino

SERES ORGÂNICOS – Os animais, racionais ou não, seguem o seu inexorável curso: nascem, crescem, se reproduzem. E morrem. É a ordem natural das coisas no planeta terra. Os vegetais, nas suas demandas de sobrevivência e reprodutibilidade, são menos complexos que aqueles. Presos às suas raízes físicas eles sobrevivem, de forma passiva. Assim, modulam seus […]

NAS NUVENS – José Delfino

NAS NUVENS – Tenho a ligeira impressão que alguns dos meus leitores não incorporam bem o que eu tento dizer ao longo de alguns dos meus textos. Faz mal não. Questão talvez só de competência ou tato de minha parte. Ou mesmo da maneira desusada, um tanto insólita, ao descrever o que a vista cansada […]

COMO SE FOSSE UM SERMÃO – José Delfino

COMO SE FOSSE UM SERMÃO –   Não se trata de tentar persuadí-los a conjecturar como eu. Cada um tem o seu modo próprio de pensar e agir. Mas vamos lá. É só reflexão. Deus não é dado. É um objeto de crença. Intimista, surreal, mas é. De repente, a força que rege toda a […]

LINHAS TORTAS – José Delfino

LINHAS TORTAS – A história da humanidade nos dá conta que em tudo que se faz ; no que se pinta, se desenha, se esculpe, se dá relevo, ou sentido de algum modo, a alguma coisa; sempre ficará inserido um indiscutível ponto em comum. O poder da síntese aliado à força que jaz nas imagens. […]

FEITO CONVERSA DE BOTEQUIM – José Delfino

FEITO CONVERSA DE BOTEQUIM – Faz muito tempo. Eu e ele saímos da Casa da Ribeira após o show. Fomos colocar a conversa em dia, lá para as bandas de Ponta Negra. O restaurante estava vazio. Apareceu um amigo em comum e a conversa foi longe. Após ter dado notícia da musa Afonsina, seus carinhos […]

REPETIR NÃO CUSTA NADA – José Delfino

REPETIR NÃO CUSTA NADA – Nesses tempos de escrita mínima, leitura rápida e superficial, e de olhar de veneração em massa para “selfies ” melhor parar e refletir, talvez: “Beijo, carinho, atenção (essas coisas…) são detalhes que se externam de inúmeras formas. Saber, eis o segredo. Perceber, eis a questão”. Na minha cabeça a assertiva […]

DE “CARTAS ESQUECIDAS” – José Delfino

DE “CARTAS ESQUECIDAS” – No dia 3 de Dezembro de 1965 recebi um livro de presente de Manoel Neto. À época a galera vivia doida pra saber quem diabo era na realidade o autor; um cara que escrevia crônicas semanais para um jornal de São Paulo, então transformadas em livro. Os textos eram elaborados em […]

DE NATAL, EM NATAL – José Delfino

DE NATAL, EM NATAL – Ano bizarro, esse. Nunca perdi tantos amigos em tão pouco tempo. Mas, enfim, chegou dezembro, o mês do Natal. Os presentes, essas acomodações de sonhos e orçamentos, estarão escondidos em embrulhos coloridos. Os paroxismos de confraternizações e bondade soltos por pouco tempo, também. Bolas ocas de acrílico em diversas tonalidades, […]

DA NECESSIDADE DO HÁBITO – José Delfino

DA NECESSIDADE DO HÁBITO – Falta de assunto dá nisso. Já ouviram falar na regra das dez mil horas? Ela nos dá conta que para qualquer pessoa adquirir domínio técnico no que for, necessário se faz a repetição diuturna. Até a exaustão, de preferência. Significa dizer, do ponto de vista teórico, que se você quiser, […]

DE HEGEMONIA – José Delfino

DE HEGEMONIA – Uma nova ordem mundial se avizinha. A história nos dá conta que o poder bélico, como forma de dissuasão pelo medo, sempre se impõe desde que o mundo é mundo. E numa forma cruel de retroalimentação, poder econômico e influência geopolítica continuam em união estável. Entretanto, olhar as relações internacionais, em função […]

DE FORTUITOS ENCONTROS – José Delfino

DE FORTUITOS ENCONTROS – Afinal, cada dia é outro. As horas, também. E ninguém tão exato como elas. E as coincidências, surpresas e repetições sublimes. Para uns, nem tanto. Para mim, muitas vezes. É que elas sempre me perseguem. Naquele ano a ditadura corria solta. Tinha sido assinado o acordo nuclear Brasil-Alemanha para a construção […]

DE ANALOGIA – José Delfino

DE ANALOGIA – Viver nesta parte do mundo onde eu vivo é algo aprazível e incomum. A felicidade e o infortúnio convivem com a monotonia das horas. A primavera, o verão, o outono e o inverno, avassaladores em suas peculiares características, parecem direcionar e atrapalhar um tanto o tempo. Na ausência das estações “comme il […]

DE GEORGE – José Delfino

DE GEORGE – De um certo modo, ele estabeleceu a evidência que o jazz americano poderia não ser necessariamente negro. E que os rabinos nas sinagogas e os ciganos nômades estariam mais perto dele do que seja quem for na África. Ele, um judeu, de repente afeito por força da sua religião a um certo […]

DE JOÃO – José Delfino

DE JOÃO – Ele foi um artista ímpar. Como intérprete, me pareceria ser o mais singular entre todos por essas bandas. Modificava compassos, destruía andamentos. Truncava as letras das músicas. Repetia muito o repertório, mas nunca se repetia. Ao violão, sua ideia de harmonia nunca era a mesma. Nenhum clamor rítmico, nenhuma vocalidade extrema. Os […]

DIVAGANDO – José Delfino

DIVAGANDO – Dizer o que se pensa é sempre um risco. Quando alguém me indaga se sou feliz, uso sempre a mesma máscara. Digo que sim. Afinal, não vem muito a propósito as pessoas se declararem infelizes. Mas sempre se segue aquele impacto, um tanto reflexo. Da falta de hesitação ao me expor tão falsamente […]

DE TRAUMA DE INFÂNCIA – José Delfino

DE TRAUMA DE INFÂNCIA – Quando criança, sempre que eu aprontava algo fora do esperado, mamãe e vovó repetiam. Da próxima vez vou chamar a mãe d’água, pra te levar. Eu morria de medo. Eu não sabia e elas nunca me diziam quem era ela. Criei a certeza absoluta que ela habitava o Maranhão. Cresci […]