Lendo os jornais, revistas, ouvindo entrevistas e os jornais falados nos últimos dias, vejo uma enxurrada de notícias ruins que nos deixam abismado com os acontecimentos. A população perdeu a crença na justiça e na política, isto é péssimo. As escolas e o ensino público por estes “Brasis” afora fazem vergonha até a mais perversa das criaturas, a saúde outra barbaridade. Enquanto isso, os “donos” do nosso Estado e dá Nação se reunindo em diversos grupos para escolher o grupo que vai se habilitar a continuar mandando, e nós os “idiotas” é que vamos escolher essas pessoas. Pensei, “penso, logo existo” não é lógico?  Meu Deus será que estamos todos perdidos? Parece que sim.

Trim, trim, trim, toca o telefone, é minha neta – Vô você está bem? – agora estou, pois vovô estava meio triste, pensando em coisas ruins.

 – Vô não pensa nestas coisas, pensa em coisas boas, no tempo que você era criança, você não era feliz?

Resolvi seguir o seu conselho, quando a noitinha, pensei nas brincadeiras das crianças do meu tempo.

Brincávamos pelas ruas, pelas calçadas, existiam poucos carros, as ruas não eram calçadas, ou quando eram, dava para brincar. Brincávamos nos quintais, nas arvores, era a criançada solta, cheia de alegria. Os meninos, mas afoitos. As meninas mais tranquilas brincavam de boneca, faziam suas casinhas, com pequenos moveis em miniaturas.

Mas existiam brincadeiras em conjunto. Brincávamos de rodas, “Pai Francisco entrou na roda/tocando seu violão, O Cravo brigou com a Rosa” e muitas outras cantigas. Bom barquinho, ou Bom barqueiro, que a meninada fazia uma fila e saía cantando, passava por baixo dos braços das outras crianças.

Eram brincadeiras simples, cheias de alegria. Telefone de cordão. A gente serrava as latas ou caixas de talco, colocava um grande cordão com uma distancia de dez ou quinze metros, e falávamos um com o outro. Brincadeira de imobilizar, todos se escondiam e depois de um tempo ia procurar e quando encontrava gritava – parado, a pessoa ficava parada naquele lugar sem se mexer. Jogo de Pega varetas, era vários palitos ou varetas de várias cores o jogador (a) colocava o grupo de palitos na mão, fechada e abria de vez, do jeito que caia a pessoa ia tentando tirar sem balançar as outras com auxilio de uma vareta de cor preta, cada cor tinha a sua pontuação. Cobra ou Cabra cega amarrava um lenço nos olhos da pessoa e esta tentava com os olhos vendados pegar as outras crianças – ei, ei, cobra cega nem me pega, gritavam todos.

Era tempo bom, da inocência, da pureza. Às vezes saia uma briga de bofete ou – tô de mal, e colocavam-se os dedos iguais das duas mãos e dizia – corte aqui, estou de mal. Depois as pazes eram feitas e ficava tudo bem.

Uma das brincadeiras que dava muita confusão era Cama de gato, geralmente, bom! Eu disse geralmente, era brincadeira de menino. Um ficava atrás do outro de quatro pés e um terceiro vinha e empurrava, era queda na certa e quando o que caia se levantava, não gostando o “pau cantava’.

Brincar de tica, um corria atrás do outro e batia com a mão ou o dedo e gritava – tiquei.

 Fazíamos um riscado na calça, com vários quadrados e chamava de Academia, depois mediante regra estabelecida jogava uma pequena pedra e ai pulava-se esse quadro em uma perna só e seguia pulando. Brincadeira de meninos eram as bolas de gudes, jogava-se biloca, triangulo ou tila, jogo de botão, futebol no meio da rua, as famosas peladas que era também “batida” no quintal dos nossos pais. Brincávamos de call money, ou mãos para o alto, me passa o dinheiro, com os revolveres de brinquedo o xerife rendinha os bandidos ou os bandidos rendiam o xerife.

Brincávamos de carrinho nos quintais, construíamos estradas, pontes, lagos, fazendas onde os animais eram pequenos ossos, ou mamãzinho verde, que a meninada colocava as pernas e pescoço com palitos de dente, passávamos horas e horas brincando. Tinha a brincadeira de Passa o anel, onde as crianças fechavam as mãos “como em prece” e outra ia passando o anel, aquela que ela gostasse mais deixava o anel, sem os outros saberem, aí iam adivinhar que mãos estava o anel. Tô quente, tô frio, era uma brincadeira em que escondia um objeto e o outro ia procurar, e perguntava – to quente? De acordo com a proximidade do objeto os outros gritavam tá quente ou tá frio. Soldadinho de chumbo, índios apaches, fazíamos verdadeiras batalhas imaginárias com os soldados, os pobres dos índios sempre perdiam. Guerras de baladeiras, onde a munição escolhida era a mamona ou carrapateira, que quando batia no corpo ardia muito. Brincar de Bandeirinha,  dividia o campo em duas partes e cada jogador tentava roubar a bandeira do outro time que ficava no final de cada campo, o objetivo é o jogador tirar a bandeira do adversário sem ser pego, o jogador que fosse pego ficava paralisado.

Não é a toa que o poeta cantou; “Eu daria tudo que tivesse/Pra voltar aos tempos de criança/Eu não sei pra que a gente cresce/Se não sai da gente essa lembrança.”

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor

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