AS BELAS E OS BONITOS –  

Nem sempre as mais belas cidades são as de nomes mais bonitos. Partamos do princípio de que o bonito para uns pode não ser para outrem, isto porque a beleza é algo subjetivo. Certo? Ainda assim, a “Forbes”, revista americana de negócios e economia, formou uma equipe de especialistas em áreas como planejamento urbano, arquitetura e desenvolvimento sustentável para definirem as cidades mais bonitas do planeta. Do trabalho surgiu a seguinte relação por ordem de classificação: Paris, Vancouver, Sydney, Florença, Veneza, Cidade do Cabo, San Francisco, Chicago, Nova York, Londres, Cambridge e Tóquio.

Certamente, não haverá unanimidade nessa escolha. Se essas doze cidades enfrentassem um plesbicito, algumas seriam subtraídas para a adição de outras mais “atraentes”. Sim, porque em beleza tudo é muito relativo.

Minha pesquisa não trata da formosura das cidades, mas da poesia, sonoridade e significado contidos em seus nomes. Sei bem o quanto de contestação provocará minhas escolhas, mas não almejo a unanimidade porque emito uma opinião livre de quaisquer influências senão a do meu próprio senso de avaliação.

Nas Américas do Sul e Central escolho Buenos Aires (bons ares), Montevideo (monte visível) e Tegucigalpa (montanhas de prata). Na Europa: Bucareste (alegria), Budapeste (junção das cidades Buda e Peste), Estocolmo (ilha fortificada), Copenhague (porto do mercador) e Amsterdam (homens que vivem na terra seca). Na África, gosto dos nomes Nairobi (restinga) e Luanda (águas gélidas). Na Oceania de Camberra (ponto de encontro).

Dentre as capitais brasileiras, considero Belo Horizonte e Rio de Janeiro como as de nomes mais atraentes. Incluo Brasília por ser um derivativo feminino e deslumbrante do nome da nação. Entretanto, nenhuma delas supera em significado e simplicidade o nome da capital de nosso estado, Natal.

Encontramos nos 5.570 municípios brasileiros uma extraordinária miscelânea de denominações que vão das mais singelas até aquelas absurdas e inaceitáveis. Predominam nomes de santos e santas católicos, de acidentes geográficos e de homenageados, daqui e de outras plagas, comumente, figuras públicas.

Passeando sem compromisso por esse universo de designações deparei-me com Águas de Lindóia(SP), Águas Lindas de Goiás, Alegria(RS), Alterosa(MG), Arraial do Cabo(RJ), Angra dos Reis(RJ), Bela Vista do Paraíso(PR), Bonito(BA), Boa Esperança(ES), Bom Retiro(SC), Cachoeiro de Itapemirim(ES), Campina do Monte Alegre(SP), Cruz das Almas(BA) e Campo Formoso(BA).

E por aí vai. Encantado, Feliz, Gentil e Nova Esperança do Sul, no Rio Grande do Sul; Pindamonhangaba, Guaratinguetá, Jaboticabal, Piedade e Taboão da Serra, em São Paulo; Formosa do Oeste, Jardim Alegre e Paraíso do Norte, no Paraná.

No Ceará, Quixeramobim, Itapipoca, Guaramiranga e Jijoca de Jericoacoara. No Maranhão, Vila Nova dos Martírios, Alto Alegre e Bom Jardim. Na Paraíba, Sossego, Mãe D’água e Belém do Brejo do Cruz. Em Alagoas, Maravilha e Olho d’Água das Flores. Em Sergipe, Itabaiana e Ilha das Flores. E, em Pernambuco, optei por Solidão, Riacho das Almas, Bom Conselho, Camaragibe e Olinda, nome decorrente de exclamação de Duarte Coelho: “Oh, linda situação para se construir uma vila!”.

Termino o passeio no Rio Grande do Norte escolhendo Jardim do Seridó, Baia Formosa e Caiçara do Rio do Vento, a cidade cujo nome é um poema.

José Narcelio Marques Sousa é engenheiro civil e escritor – [email protected]

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