CARLOS ALBERTO JOSUÁ COSTA

MEDÍOCRE EU?! –

Pode continuar a ler, pois não é você, estou “vendo” se sou eu.

Isso afirmo depois que José Ingenieros, notável pensador argentino, me instigou em seu livro “O HOMEM MEDÍOCRE”.

Confesso que a princípio relutei em lê-lo, pois, de pronto, não “topei” com o título um tanto afrontoso, uma vez que não me sentia afeito a tal mediocridade.

Como processo de resistência, dei um esquecimento proposital ao livro, até que me sentisse seguro para experimentar as suas considerações.

A cada página que eu virava, temia deparar, de modo acintoso, afirmações do tipo “você é medíocre”. E como nada disso acontecia, eu me sentia “vencedor” e seguia esperançoso de que, ao final, poderia retribuir e responder ao autor: “medíocre é você!”

Mas, vamos ao que interessa: seria eu realmente um homem medíocre?!

Bom, vamos com calma.

O autor parte de um ponto fundamental e, de forma bem rigorosa, tido como verdade, de que os indivíduos mais desprezíveis são os pregoeiros de moral, valentes no que falam, mas que não harmonizam sua conduta a suas palavras, ou seja: melhor praticam o “faça o que digo, mas não o que faço”.

A máscara em suas características pessoais impede que se possa distinguir entre o homem medíocre e os demais que constituem a sociedade, mas o medíocre abre mão de sua existência individual para que a sociedade pense e deseje por ele. Não importa o que pense; regula as suas atitudes pela opinião dos outros. Passa a projetar e a ver no outro a sua própria sombra.

O convencionalismo social é o seu lema. A cabeça da sociedade está acima da sua, em pensamento, razão e existência.  Sem amparo, definha em suas ideias, não fazendo nenhum esforço para ao menos submetê-las a qualquer tipo de crítica.

José Ingenieros reforça bem que o homem medíocre nunca experimentará lapso de genialidade, pois ao pregar a verdade, transige com a mentira; ao pregar a justiça, não é justo; ao pregar a piedade, é cruel; ao pregar o caráter, é servil; ao pregar a dignidade, dela não se serve.

A mediocridade é contagiosa, pois os seus pseudos frutos são vistos apenas pelo imediatismo da fala, sem nenhuma ação associada. O que importa é favorecer uma causa, que a bem da verdade nunca é a sua.

O homem medíocre se estimula na crise, pois só aí ele pode brilhar ao se apoiar na “muleta” dos outros. Ele não é um desonesto, ele segue sua rotina ao utilizar a cabeça de outrem para delinear pensamentos que não tomam forma por si próprios.

No entanto, prossegue o autor, o homem medíocre carrega consigo um sentimento que anda de mãos dadas com a falsidade: a inveja. Ele, com sua mediocridade “aparente do oculto”, estará sempre pronto para escancarar os malfeitos dos outros e se ufunar como se nisso houvesse mérito.

É livro cuja leitura nos leva a refletir.

Anima-nos saber que esse tipo – medíocre, não é exclusivista de uma sociedade já facetada por outras tantas características humanas. E a ele se contrapõem os homens de boa vontade, que se destacam pelo aperfeiçoamento de suas atitudes a partir de pensamentos que evoluem à medida que o mundo também se modifica.

É sabido que, na vitrine do mundo, de vez em quando surgem homens exitosos, que pensam e agem em favor de muitos e contribuem para mover a humanidade em direção ao futuro. Também se percebe que largos períodos de tempo se passam, até que nasçam ou que se deem oportunidades a mentes brilhantes, que catalisam as benesses que Deus disponibiliza ao homem em sua breve passagem terrena.

Basta olhar para o nosso mundo atual, esse que abriga em suas trincheiras os administradores de todas as atividades que comandam os nossos passos.

Se enxergarmos a mediocridade “aparente do aparente”, seremos capazes de selecionar o joio do trigo.

Ainda bem que é assim. As vitrines se renovam, os manequins patéticos se esgotam em suas mediocridades, dando espaço para que, nas novas gerações, surjam homens que devotem as suas genialidades ao benefício da humanidade.

Cabe a você, como cabe a mim, estar atento para que a mediocridade não viceje, não prospere e não dirija as nossas vidas.

Finalizo recomendando a leitura do livro citado, nem que seja para você aprender a como ser, para medíocre não ser.

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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