APEDEUTAS NO PODER –

É impressionante como pessoas completamente despreparadas assumem cargos importantes. O presidente Jair anti-Messias é um exemplo contundente – mais uma vez o nosso país dá uma ré pública, com a saída do ministro Sérgio Moro. Posso chutar que em torno de 90% dos que votaram em Bolsonaro foi para se ver livre do PT. Com essa demissão ele assumiu o extremo da burrice, depois de várias demonstrações de ignorância, grosseria, deseducação, enfim, deveria ter continuado no baixo clero para sempre. Depois de querer colocar um dos filhos como embaixador em Washington – aliás tinha um bom currículo: já fritou hambúrguer em Nova York! Depois de atrapalhar o combate ao Covid-19 e demitir o ministro Mandetta e mais dezenas de declarações desastrosas, atingiu o ápice agora provocando a demissão do ministro Sérgio Moro.

Sérgio Moro passa a ser o nome mais importante – e ao meu ver com mais chances – para suceder o atual presidente. Os outros dois pretendentes – o Witzel e o Doria – são iguais ou pior do que o Bozo. Para infelicidade geral da nação o ministro Sérgio Moro se demitiu e no seu discurso disse algumas verdades: que o presidente queria interferir politicamente e em benefício próprio no funcionamento da polícia federal; que o diretor geral da PF, Maurício Valeixo, não pediu demissão, nem Sérgio Moro assinou, conforme consta no documento oficial da presidência… pode não ter lá muita corrupção como nos tempos do PT, mas desonestidade não falta!

O ministro da saúde Nelson Teich se posicionando em relação ao isolamento social afirma que “nem sim, nem não, muito antes pelo contrário”. Por um momento pensei que Espanta Jesus havia ressuscitado. É o falso impasse entre isolamento versus economia. Está mais do que provado que as aglomerações provocam a pandemia do Corona vírus e aumento do índice de óbitos. A disseminação mais lenta daria tempo para a rede pública de saúde se organizar. A economia pode se recuperar mais adiante, mas a morte é irreversível. Então está mais do que claro que a dificuldade financeira, a queda do padrão de vida, até passar necessidade, são situações que podem ser amenizadas pelo governo e as doações privadas. É evidente, até pelos exemplos externos, que a restrição do contato social, o isolamento, diminui a letalidade. Mesmo assim o apedeuta mor insistiu na ignorância e demitiu o ministro.

Fosse pouco vem o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto Ribeiro, afirmar que a decisão de liberar prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina para casos leves do coronavírus não segue a ciência, mas teve de ser tomada para regrar o uso descontrolado da droga no Brasil e colocar “ponto final” na polarização sobre o tema.

A declaração do presidente do CFM seria cômica se não fosse tão ridícula. Ele libera o uso, mas não recomenda. O médico usa o que acha conveniente, principalmente a cloroquina que já tem mais de 70 anos de uso e é eficiente no tratamento da malária, da artrite e do lúpus, três doenças distintas que têm em comum o padrão inflamatório, assim como o COVID 19 – não tem nada que o CFM liberar. A seguir diz quais são as condições em que deve ser usada, ou seja, nos casos leves, média gravidade e graves. O parecer do CFM passou a livrar de infração ética médicos que prescrevem a droga em três situações:

1.para caso de paciente com sintomas leves, em início de quadro clínico, em que tenham sido descartadas outras viroses (como influenza, H1N1, dengue) e exista diagnóstico confirmado de novo coronavírus;

2.para pessoas com “sintomas importantes”, mas que ainda não está sob cuidados intensivos ou internado e

3.para o paciente se estiver em estado crítico, recebendo cuidados intensivos, incluindo ventilação mecânica.

A demissão de Sérgio Moro enterrou de vez qualquer resquício de esperança nesse governo desastrado. A declaração do Espanta, digo Nelson Teich e do presidente do CFM são simplesmente ridículas. Duvidar da inteligência alheia e burrice deveriam ter limite.

 

 

Armando Negreiros – Médico e Escritor, [email protected]
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