“Amigo é coisa para se guardar, debaixo de sete chaves. Dentro do coração. Assim falava a canção que na América ouvi. Mas quem cantava chorou, ao ver o seu amigo partir”

Partiu Afrânio, seus amigos choraram, assim como é na nossa canção.

Afrânio chegou a Nata – vindo do Oeste do Rio Grande do Norte, moço, quase menino e logo começou a trabalhar e procurar vencer na vida. A minha amizade com Afrânio, veio depois que conheci seus irmãos José e Joaquim que foram colegas de colégio.

Como empresário, lembro-me de uma padaria que ele colocou na esquina da Rua Jundiaí com a Avenida Hermes da Fonseca, do Bar Autorama na Avenida Deodoro ali pertinho do supermercado Nordestão. Depois colocou uma empresa não me lembro o nome para participar de concorrências e entrega de materiais de expediente e consumo em geral. Devido a sua alegria quando chegava às salas de concorrência gritava.” DO PIMENTÃO AO AVIÃO AMORIM É A SOLUÇÃO.”

A alegria era a nota principal da canção de sua vida, vivemos várias e várias ocorrências engraçadas.

Fizemos uma viagem para a Ilha de Fernando de Noronha, naquela época pertencia ao Rio Grande do Norte e o governador era um coronel do exercito que não recordo o seu nome, mas tudo na Ilha era controlada com horário rígido até para as refeições.

Pois bem, eu e minha esposa perdemos o horário do jantar, passava das vinte e duas horas, saímos atrás de um barzinho que era difícil de encontrar. Mas para nossa felicidade encontramos um lugar que estava havendo uma grande festa. Nisto o governador nos vê e dirigindo-se a nós pergunta se éramos turistas. Com a reposta afirmativa e conversa indo ele descobriu que minha esposa era técnica da Secretaria de Educação e responsável pelo planejamento educacional, então nos convidou para fazer parte de sua mesa, foi comida e bebida a vontade.

Lá pras três horas da manhã vejo o uma planta balançar muito e uma mão saindo dela, e comentei com minha mulher, que como boa esposa reclamou que eu já estava embriagado, pois, estava tendo visões.

Resolvi mesmo assim ir de encontro à planta. Quando estava próximo ouvi uma voz.     – Me socorre, me tira daqui. Perguntei – quem está aí? Veio a resposta – sou eu Afrânio. Dei a mão para ele se levantar e perguntei que diabo ele estava fazendo ali, então ele me disse que o pessoal foi ao baile na Vila dos Pescadores e alguém do grupo – homem, claro- passou a mão na mulher de um pescador, ai o pau cantou. Estava explicado o seu drama.

Outra vez, candidato a vereador teve um pouco mais de duzentos votos. Chegando à Confeitaria Atheneu, alguém comentou.

– E aí Afrânio, desta vez não deu. Mas haverá outras.

– Que nada amigo, vou pedir recontagem de votos. A risadeira foi geral.

Outra vez estávamos no Bar do GG, quando ele chegou com um megafone gritando: 12345 Afrânio Amorim. Eu então lhe disse – Para não perder o eleitor diga quando foi este megafone que eu pago para não ouvir barulho.

– Duzentos reais. Guardo o megafone com muito carinho.

Afrânio partiu, não tive oportunidade de falar com ele durante a sua enfermidade, pois quando soube ele já estava na UTI, e em tão pouco pude ir ao seu velório, eu estava hospitalizado, mas, de uma coisa tenho certeza – ele viverá muito tempo nos corações dos amigos e familiares.

Adeus irmão até o dia de Juízo.

Guga Coelho LealEngenheiro e escritor

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