A IMPORTÂNCIA DO AMIGO DA ONÇA –

Revolver o baú da memória é fantástico, pois, se por um lado, esta simbólica atividade nos confronta com épocas de ouro (ou nem tanto) de nossa história, por outro, faz enxergar que amadurecemos com o passar dos tempos, estando, na fase presente, aptos a concluir que, cada pessoa é a mais importante, no contexto de sua própria vida.

Recordo-me que, décadas atrás, o Brasil era semanalmente retratado por algumas revistas, que se destacavam, não somente por disputarem a predileção dos leitores, mas, também, por possuírem linhas editoriais semelhantes. Naquela época, as charges surgiam com força total, sendo, em algumas oportunidades, confundidas com o próprio comportamento de um povo. Se a figura do Zé Carioca satirizava o malandro levador de vantagens, em contraponto, o Amigo da Onça, criação do cartunista Péricles, representava o personagem satírico e tão crítico de costumes, que, por muito tempo, encantou o cidadão brasileiro, durante grande parte do século passado.

Foi rememorando a ironia do Amigo da Onça, que pude resgatar uma verdade: o certo só existe, porque, lá atrás, critérios foram estabelecidos para definir-se o errado. Lembro-me que, certa vez, tive um péssimo professor. Ele faltava às aulas, e, quando se fazia presente em sala, somente lia ou mandava ler os capítulos de um livro que trazia debaixo do braço. Hoje, entendo, ter tido, aquele cidadão, grande importância em minha vida acadêmica, pois, foi devido a sua fraqueza que, com muita força e esforço, tornei-me autodidata em sua disciplina, exemplo que sempre explorei em outras realidades do cotidiano.

Da mesma forma que a saúde se contrapõe à doença; o quente ao frio; o amor ao descaso; a honestidade ao roubo; o certo ao errado, o bem só existe para neutralizar o mal, e, assim, também, todas as ocorrências que fazem o manuscrito de nossos dias, se apresentam como valorosos, vez que não entenderíamos o potencial de uma, se não conhecêssemos a outra.

É quando surgem os amigos da onça, de grande relevo na existência de alguém ou de uma comunidade, pois, somente por causa deles, temos a oportunidade de valorizar os que são do bem e da decência.

A nossa terra, cujas águas do mar e areias da praia, são tão macias, calientes e sedosas, quanto a saliva e as bochechas de Deus, possui em seu histórico de habitantes que por aqui passaram inúmeros Amigos da Onça, que possuíram a oportunidade de melhorara cada vez mais, ao contrário, somente levaram vantagens.

Dias atrás, foi postado em um dos periódicos mais lidos em nosso estado, que finalmente, seria criado o troféu Amigo da Onça distinguindo pessoas que se esforçam, para fazer jus ao título. Com sobras, tal iniciativa será de fundamental importância, principalmente para os laureados, quando poderão verificar que, tendo tomado caminhos equivocados, constatando o erro, conseguirão –??? – entender que ainda há tempo para mudar.  Então, mesmo sabendo de onde vieram e o que fizeram, poderão definir novos rumos, principalmente para suas vidas.

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

 

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