A COVARDIA CONTINUA –

No Brasil, ficou instituído o dia 10 de outubro como o Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher. A data foi criada em 1980, em protesto contrário ao elevado índice de violência à mulher registrado no país.

Caracteriza-se como violência contra a mulher “qualquer ato ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, seja no âmbito privado ou público”. A Lei Maria da Penha, em vigência há 16 anos, é o instrumento adequado ao qual pode a mulher recorrer na salvaguarda de sua integridade física e psicológica, se ameaça houver.

É bom lembrar que os tipos de condutas condenadas pela Lei não envolvem apenas a pessoa do esposo, companheiro ou namorado como agressor. Qualquer que seja a pessoa que esteja no convívio social da mulher, e pratique a violência contra o gênero MULHER, pode ser penalizado pela Lei Maria da Penha.

O assassinato de mulheres está nos poemas épicos de Homero. A violência contra a mulher ainda continua como uma das violações de direitos humanos mais disseminadas e devastadoras nos países desenvolvidos ou naqueles denominados de terceiro mundo.

“Numa mulher não se bate nem com uma flor”. Nunca se soube, no Brasil, de uma mulher ter sido agredida com uma flor. Aqui, afora os feminicídios, as mulheres são surradas com delicadezas outras, tais como: cassetetes, caçarolas, porradas, marteladas, facadas, tudo que possa machucar, ferir ou destruir a integridade física do gênero MULHER. Tampouco se respeita, aqui, essa de “quem ama não mata!”.

A decepção e a vergonha são os principais responsáveis pela omissão da mulher de externar a violência sofrida: desde a decepção de tornar público e notório que a sua união não era o conto de fadas que demonstrava ser, até a vergonha de se mostrar vítima e digna da piedade geral, principalmente, de outras mulheres.

A dor e a pressão são tamanhas, que mesmo correndo o risco de verem suas imagens enevoadas, personalidades públicas agora escancaram a covardia de seus parceiros em relacionamentos conturbados. Uma das primeiras a se expor foi a atriz Luana Piovani, denunciando o companheiro, Dado Dolabella, por agressão física.

Em 2015, a cantora Joelma enquadrou o marido Chimbinha na Lei Maria de Penha sofrendo, por muito tempo, as consequências dos maus tratos sofridos. O mais rumoroso dos casos foi o da ex-modelo, Luiza Brunet, em 2016, ao denunciar o ex-namorado, Lírio Parisotto, por agressões físicas, após convivência de cinco anos.

Em meio a socos e tapas, a ex-modelo sobreviveu com quatro costelas quebradas. Luiza teve a coragem de ir para a televisão e se mostrar, de peito aberto, ao Brasil. Em depoimento ao portal EXTRA (17/06/2020), ela assim desabafou:

“Fui muito julgada quando eu fiz a minha denúncia e sei exatamente o que isso causa na parte moral e física. Você adquire doenças por conta dessa fragilidade de ser exposta, de você contar uma desgraça que aconteceu na sua vida para a sociedade, para mostrar que a violência está em todas as classes. E você sofrer coação, julgamento, tanto da parte de quem te fez mal quanto da sociedade. Você fica com a vontade de retroceder”.

O dia 10 de outubro é também o Dia Mundial da Saúde Mental. Calha bem, porque, quem é capaz de perpetrar tais níveis de maldade contra uma mulher, não deve ter a cuca saudável. E ainda dizer que em mulher não se bate nem com uma flor… Pois sim!

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Uma resposta

  1. Excelente artigo em defesa da mulher.
    É sempre bom lembrar que a violência contra a mulher ainda persiste e tem que acabar.
    Mas é reconfortante ver os avanços ocorridos recentemente, a exemplo do conhecido jogador de futebol que deixou de ser contratado em decorrência de condenação por estupro.
    Um imenso prazer ler semanalmente seus ótimos textos.

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