A alimentação tem sido tema recorrente durante a pandemia de Covid-19 no Brasil. Seja no início, quando, em isolamento social, muita gente teve que se haver com a própria cozinha. No seu decorrer, quando muitos sofreram com a escassez de recursos e a alta no preço de alimentos fundamentais à cesta básica brasileira, como o arroz e o feijão, e, mais recentemente, com os ataques do atual governo ao Guia Alimentar para a População Brasileira, referência global em nutrição por sua abordagem descomplicada e práticas acessíveis.

O fato é que a pandemia mudou, e ainda está mudando, nosso estilo de vida e nossa maneira de nos relacionarmos uns com os outros, com nós mesmos e com o planeta, para o bem e para o mal. Muitas vidas foram destroçadas pelos vírus e seu efeitos colaterais sociais, em especial vidas de populações vulneráveis, das mulheres, dos negros, dos pobres e dos indígenas.

Marca aposta em surrealismo para promover alimentação a partir de plantas

Mas os poucos privilegiados estão podendo atravessar esse período com a segurança de um trabalho remoto, assistência médica e alimentação adequada e garantida, tiveram na pandemia uma oportunidade de transformação profunda, em diversas esferas. O trabalho em casa, os períodos maiores passados em família, o tempo para ler, (re)ver filmes, olhar pra dentro, estudar, se aperfeiçoar trouxeram reflexões e mudanças pra muita gente.

Os hábitos alimentares foram bastante impactados por essas mudanças. Teve gente que entendeu que a pandemia é na verdade um colapso ambiental e passou a investigar mais a fundo o impacto que seu cotidiano pode ter no meio ambiente. Isso se refletiu, para muitos, em mudanças na alimentação. Muitas pessoas descobriram no ato de cozinhar uma nova paixão e passaram a fazer isso com muito gosto, evoluindo e aprendendo receitas novas, carnívoras ou vegetarianas, doces ou salgadas, rápidas ou demoradíssimas.

Por isso, o Hypeness se uniu à MindMiners, plataforma de renome em pesquisa digital, para saber como a pandemia mudou a relação das pessoas com a cozinha e a comida. Foram ouvidos internautas de norte a sul do Brasil, de todas as classes sociais e, com o resultado, descobrimos algumas coisas interessantes.

Antes da Quarentena, 77% já costumavam cozinhar em casa, Destes, 34% cozinhavam todos os dias e 24% cozinhavam entre 3 a 4 dias por semana. Durante a pandemia,42% passaram a cozinhar mais vezes em casa e a principal mudança na cozinha foi com relação aos alimentos. 31% passaram a comprar alimentos diferentes dos quais costumavam comprar.

42% dos entrevistados concordaram, em algum grau, que se interessaram mais por assuntos relacionados à culinária por conta da quarentena e 44% fizeram alguma mudança nos tipos de alimentos que consomem.

É interessante observar que, de alguma forma, a pandemia incentivou hábitos alimentares mais saudáveis entre alguns entrevistados, mas menos saudáveis entre outros. 30% diminuíram o consumo de açúcares e doces, 25%, de carnes vermelhas, 36%, de refrigerantes e 35%, de sucos artificiais. Enquanto isso, 57% aumentaram o consumo de verduras e legumes, 57%, de frutas, e 48% de sucos naturais.

Por outro lado, 46% das pessoas ouvidas aumentaram o consumo de açúcares e doces, e 49% de lanches ou sanduíches feitos em casa. Do total dos entrevistados, 9% mudaram o estilo de alimentação na quarentena, entre eles, 26% se tornaram-se ovolactovegetarianos (não consomem carne, nem peixe, frango, crustáceos etc).

Ainda é difícil mensurar os impactos nutricionais acarretados pela pandemia e os dados aqui divulgados tem a finalidade apenas de despertar algumas reflexões acerca da alimentação. É certo que a fome já aumentou no Brasil por conta das crises sanitária e econômica acarretadas disseminação do vírus e deve aumentar ainda mais a depender dos rumos políticos e econômicos do país.

Em tempos de colapso, nunca é demais lembrar: seja solidário, doe se puder, não desperdice, priorize negócios locais e pequenos produtores, defenda o Guia Alimentar para a População Brasileira, cozinhe com amor e com presença, lembrando sempre que cada escolha tem o seu peso e o seu impacto. Cozinhar é um ato político, social, cultural e ambiental.

 

 

 

Fonte: Hypeness

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